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Dex – Primeiras Impressões do RPG Cyberpunk 2D

Dex é um RPG em 2D com elementos de metroidvania, temáticas cyberpunk e enredo que tece a jornada da misteriosa Dex contra uma mega corporação em uma sociedade altamente tecnológica e corrompida. A linha entre humano e máquina aqui é inexistente, sendo comum humanos fazerem usos de implantes tecnológicos para melhorar suas capacidades ou adquirir novas. Da mesma forma que sistemas autônomos e inteligências artificiais aqui são consideravelmente evoluídos e incrustados na sociedade levantando questões éticas de segurança e privacidade.

No jogo você é Dex, ou “Blue”, que desperta sem memórias de seu passado ou da realidade que a cerca no que parece um hospital que está sendo atacado. Logo de inicio somos apresentados a Raycast, um estranho que contacta Blue via telecomunicação e a guia pra longe do ataque que está acontecendo para capturá-la. Nos momentos de iniciais nos é mostrado tutoriais básicos de movimentação do personagem nesse cenário 2D, como parkour e ataques furtivos ou corpo a corpo. Não há tempo para explicação da história, apenas a ordem de fugir dali e encontrar um contato de Raycast que poderá ajudar.

Passado o choque inicial você certamente estará com a mente fervilhando de perguntas sobre o que está acontecendo e sobre aquela realidade. O jogo é aberto a perguntas através de diálogos sem limitar a escolha de apenas uma nas opções de diálogo, ou seja, o(a) jogador(a) não é tolhido se optar por uma pergunta primeiro, podendo voltar nas outras opções de perguntas posteriormente. A única mudança é quanto as respostas que são únicas e encerram um tópico. Mas Dex como jogo não entrega todo seu universo de início, até para não saturar o(a) jogador(a), revelando-se assim em pequenas doses e instigando-nos a continuar a jornada e explorar a cidade de Harbor Prime.

Como os típicos RPG Dex oferece ricas opções de diálogos, escolhas de abordagens, ramificações em suas missões principais e secundárias, aprimoramentos, árvore de melhorias, diário com informações coletadas do mundo, diário de missões que atualiza a medida que avança, mundo aberto e explorável, loot, uso de itens como comida e medicamentos para atributos. Tudo traduzido para o português brasileiro em texto para a acessibilidade do(a) jogador(a) entender cada detalhe. Impressiona o nível do trabalho detalhado e a entrega de um RPG robusto e explorável em um ambiente 2D, algo pouco usual nessa geração quando pensamos em títulos RPGs.

A aposta em criar um mundo aberto, mas explorável através de plataformas e andares foi um ponto que me levantou receio num primeiro momento, receio esse que foi quebrado nas primeiras horas de jogatina pois em Dex temos um game design pensado cuidadosamente para ainda oferecer uma experiência imersiva naquele mundo. O brilho de Dex são suas escolhas de elementos clássicos redefinidos numa escolha de como representa-los.

Dex trabalha muito com a exploração de seu mundo disposto planamente ao jogador, tanto na exploração de descobrir novas áreas quanto interação com o ambiente. Uma dica que deixo aqui é quanto a encontrar “escadas” ou “andares” abaixo do nível que o personagem se encontra, basta apertar o botão para baixo + botão de pular que então temos Blue acessando locais abaixo de sua plataforma atual. Posto isso, você encontra locais trancados que vão exigir certo nível de lockpicking ou “arrombamento”, locais hackeáveis e para serem saqueados, além, é claro, de NPCs os quais ao conversar terá informações úteis e missões secundárias desbloqueadas.

Falando em missões vem um ponto aonde o jogo certamente brilha. Um dos motes de Dex é suas missões com múltiplas opções de abordagens e desfechos. De fato o jogo entrega o que se propõe, com opções de diálogo que vão definir destinos e moldar Harbor Prime, pois cada ação tem uma consequência que afeta o mundo ao seu redor, como definir o destino de um NPC e sua família baseado na escolha de abordagem em sua missão, ou ainda obter itens apenas possíveis com um desfecho e que podem vir a ser úteis em outro momento. Missões secundárias podem ser obtidas falando com NPCs e escolhendo as opções certas de diálogo, e não é apenas por serem secundárias que o nível de atenção nelas é menor, pelo contrário, tais missões ramificam-se tanto quanto quests principais. Já missões principais temos o clássico “mission in mission” ou árvore de pré-requisitos aonde a missão se ramifica em vários pequenos objetivos para então atingir o objetivo principal e ainda assim não ser o final.

A trama de Dex em si parece simples num primeiro momento: você deve deter os planos do Complexo, uma organização poderosa tecnologicamente e politicamente em Harbor Prime. Isso com a ajuda de cyberpunks “recrutados” por Raycast, um jornalista anônimo que vaza várias informações bombásticas. Toda as expectativas recaem sobre você que se mostra como o “avatar” escolhido por uma IA especial, Kether, criada pelo próprio Complexo, e que eleva a relação humano-máquina ao misturar seus genes com códigos de programação, e juntamente com você, o avatar, espera deter O Complexo de dentro para fora.

Mas em Dex temos constantemente a sensação de não ter visto tudo à medida que a trama se revela, sempre paira no ar o elemento de que mais surpresas vem aí. Algo bem construído e com relação direta ao fato de que Blue é uma personagem que despertou sabendo tanto quanto o(a) jogador(a), ou seja nada, e a medida que a trama avança temos várias questões e somos esclarecidos em alguns pontos mas ainda levantando mais e mais questões e a tensão de estar caminhando para plot twists iminentes e que se mostram verdadeiros.

Partindo pro gameplay, assim como a história fiel ao que pode-se esperar de um RPG, o gameplay não seria diferente. Tendo um plano de fundo cyberpunk, certamente temos a personagem moldada por melhorias tecnológicas que são os aprimoramentos, eles podem conceder melhorias como regeneração de saúde com o tempo e invisibilidade durante alguns segundos, porém tais aprimoramentos requerem maiores níveis quanto maior sua complexidade. Aprimoramentos são melhorias pagas adquiridas após o personagem implantar um neurowave, que possibilita avanços sobre-humanos.

Já a árvore de melhorias são um conjunto de atributos básicos de um RPG que oferecem melhorias em resistência, combate corpo-a-corpo, maestria com armas, hackeamento, carisma etc, esses são adquiridos com pontos de habilidades adquiridos ao subir de nível. Level pode ser upado jogando e com itens tecnológicos que concedem XP ao serem consumidos, eles podem ser encontrados no mundo ou adquiridos de vendedores. Demais consumíveis também podem ser adquiridos para saúde, foco (que é sua “saúde” no cyberspace, um mundo hostil a parte ou em rede que você adentra ao iniciar um hacking), além de itens como armas, munições, lixos e necessários para missões.

Nada é dado facilmente, no jogo você começa basicamente sem nada e vai progredindo à medida que segue missões principais para reunir melhorias necessárias e descobrir mais possibilidades daquele universo. Tanto em gameplay quanto em história, em Dex é necessário um certo chão antes de chegarmos ao prêmio que desbloqueia novas possibilidades e entrega novos segredos e informações.

O combate do jogo é em grande parte focado no corpo a corpo básico de socos e defesa e desvios, mesmo passado a fase inicial de tutorial, nenhuma arma lhe é dada e se quiser terá que comprar uma junto a munições. No entanto não é obrigatório virar um lord das armas pois no jogo há diferentes abordagens de combate, seja o básico por socos, tiro com arma de fogo ou teaser, ou o furtivo “stealth”, além de hackeamento do ambiente a seu dispor. O hackeamento também é outro combate a parte, pois ao hackear algo, inicia-se um “mini-game” de space shooter a parte. Independentemente de qual escolhido, você não necessariamente precisa ficar limitado a ele e pode transitar entre mais de um dependendo do andar da missão. Ainda falando do combate, temos os inimigos que pouco variam entre si, dependendo do ambiente sua skin pode mudar, mas a investida é conhecida e fácil de prever seus movimentos. Haverá aqueles cujo foco é o corpo-a-corpo leve, pesado, os que portam armas (e após derrota-los não é possível pegar suas armas), além de do ambiente com câmaras e torretas automáticas.

O mundo de Dex é rico e vivo mesmo em um ambiente 2D temos a atenção de representação de uma sociedade cyberpunk com questões éticas sobre relação entre máquinas e humanos, jogos de luz, neon, locais sujos e o contraste entre ambientes pobres e luxuosos. Você pode acessar diferentes locais pelo mapa, de fato em um mundo aberto apesar de cada bairro ser pequeno, mas ainda oferecendo a diversidade de NPCs que podemos conversar, cenário e locais possíveis de adentrar como edifícios e lojas. Lojas as quais podem ser adquiridos itens necessários para missões, armas, consumíveis, aprimoramentos, vender o loot, e além dessas lojas tem-se os vendedores que ficam nas ruas operando na maciota.

Até o momento que escrevo esse texto, Dex não foi zerado, mas foi jogado o suficiente para entender a proposta e colocar essa obra nessas palavras. Dex certamente é aquele RPG que não se entrega totalmente de início e o instiga a jogá-lo esperando pela próxima revelação e aprendizado. Dex é para amantes de RPGs e para aqueles que apreciam uma boa dose de ação e enredo cyberpunk com claras referências a ícones da cultura pop como Blade Runner, Altered Carbon e Cyberpunk 2077, mas ainda com sua própria realidade cyberpunk em Harbor Prime.

Dex está disponível para Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Switch, Windows, Linux, Mac via Steam, Wii U e PlayStation Vita. A versão jogada para esse primeiras impressões foi a do Nintendo Switch.

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Rafhaela Marques

Rafhaela 'RasA1gethi' Marques é só mais uma garota comum viciada em café e games.

Um comentário sobre “Dex – Primeiras Impressões do RPG Cyberpunk 2D

  • Ta escrevendo muito bem rafinha! Até faz o jogo brilhar descrevendo a experiência assim, e me faz querer jogar também kkkk muito bom

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