Gamescom Latam – Rafael Queiroz – Team Liquid

Fala, galera! Estive na Gamescom Latam 2025 trabalhando na AbleGamers Brasil. Mas como soldado no quartel quer trabalho, fui convidado para bater um papo no estande da Team Liquid.
Nós Nerds: Estou aqui com Rafael Queiroz, gerente da Team Liquid no Brasil, direto do quartel-general da organização na Gamescom Latam. Vamos conversar sobre dois assuntos que ainda não abordamos em outras oportunidades. Primeiro, a importância de bons periféricos para um time competitivo. Sei que a Team Liquid tem uma parceria forte com a Alienware. Qual a real importância desses equipamentos para o time? Você teria alguma analogia que ajudasse quem está lendo esta matéria a entender melhor a necessidade de um bom periférico?

NN: Nessa analogia, podemos dizer que jogar com uma chuteira furada pode não fazer muita diferença para um amador, mas para um pro player é fundamental. Qual a preocupação de vocês em relação à troca desses equipamentos? Com que frequência vocês substituem os periféricos por modelos mais avançados?
RQ: Isso depende muito da sazonalidade e dos lançamentos tecnológicos. Claro que os periféricos têm uma vida útil considerável, e durabilidade não costuma ser o maior problema. No entanto, inovações tecnológicas podem justificar a troca. Melhorias na resposta ao clique de um mouse, aprimoramento dos switches dos teclados para uma maior sensibilidade e evolução dos headsets, que proporcionam uma melhor noção espacial e isolamento de som, são alguns fatores que motivam a substituição. Normalmente, essas inovações ocorrem em intervalos de cerca de dois anos, então diria que esse é um período razoável para renovação no nível profissional. Já para consumidores comuns, os produtos costumam durar bem mais.
NN: Agora, vamos abordar um tema mais delicado. Nas décadas de 1980 e 1990, esportes coletivos femininos no Brasil, como vôlei e basquete, foram rotulados por algumas pessoas de forma pejorativa, alegando que as atletas não tinham equilíbrio emocional. Hoje em dia, isso também atinge o futebol masculino. É comum vermos jogadores chorando em campo durante um campeonato, às vezes já em lágrimas no intervalo. Como a Team Liquid cuida da inteligência emocional de seus jogadores?
RQ: É um ponto importante. Se traçarmos um paralelo com os esportes tradicionais, veremos que, por muito tempo, o foco estava no preparo físico e tático, deixando a parte psicológica em segundo plano. Já nos eSports, isso é diferente. O primeiro profissional a integrar uma equipe foi justamente o psicólogo, algo que já é amplamente aceito no mercado. Hoje, na Liquid, contamos com dois psicólogos em tempo integral. Eles atendem nossos jogadores tanto em sessões coletivas, voltadas para a equipe como um todo, quanto em sessões individuais, onde cada atleta recebe um suporte específico.
A velocidade da informação e a interação nas redes sociais aumentaram consideravelmente nas últimas décadas, e isso coloca uma pressão enorme sobre os jogadores. Muitas vezes, cria-se um “mundo ideal” que não corresponde à realidade. Esses profissionais vivem sob pressão extrema e sabem que qualquer pequeno ajuste na performance pode ser decisivo. Mas essa pressão tem um custo. Por isso, desenvolvemos programas psicológicos para garantir um equilíbrio entre competição e bem-estar. Nosso departamento de performance, que antes contava apenas com psicólogos, hoje inclui médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e até consultorias especializadas em performance de outras áreas. Levantamos dados constantemente para melhorar não apenas o desempenho dos atletas, mas também sua qualidade de vida.
Os eSports, comparados aos esportes tradicionais, ainda são muito recentes. Temos um longo caminho pela frente para entender e aprimorar os métodos de trabalho dentro da modalidade. Nos esportes tradicionais, já existem décadas de estudos e fórmulas testadas, muitas das quais estamos replicando nos eSports. Contudo, ainda há muito a evoluir para que possamos garantir um ambiente saudável para nossos jogadores.
NN: Dentro desse sistema, vocês realizam treinamentos simulando situações de estresse e fracasso, ou o foco está apenas no treino básico de jogo?
RQ: Sim, temos sessões específicas para trabalhar o lado mental dos jogadores. Como mencionei, os esportes tradicionais já incorporaram esse tipo de preparação. Não basta treinar apenas o senso de equipe; é necessário cuidar do indivíduo. Cada atleta reage de maneira diferente a uma derrota, e nossa equipe psicológica identifica essas particularidades para desenvolver abordagens personalizadas. Nosso programa busca equilibrar tanto o coletivo quanto o individual, garantindo que cada jogador receba o suporte adequado.
NN: Muito obrigado, Rafael! Agradeço pela atenção e pela conversa.
RQ: Imagina! Você já faz parte da casa.
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