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Papo de Bar – A Gratidão da Velha Infância

EscritosPapo de Bar

Nos últimos meses, eu pude jogar vários jogos e compartilhar minhas experiências com muitas pessoas através das matérias feitas aqui no site. Porém, por muito tempo, tenho ouvido vários comentários na internet e na live, muitos deles me deixam com uma profunda estranheza. E por mais que eu tenha tentado mostrar o quanto eu achava estranho, na maioria das vezes, eu só era levado como piada. Hoje, acordei e essa ideia de texto veio parar neste Papo de Bar.

Não sou, como muitas pessoas sabem, um chato que fica falando: “Na minha época era melhor!” Longe disso, eu pude vivenciar as mudanças do mundo nas décadas que mais foram influentes para a era da informação, como a chegada da internet, telefonia móvel, a popularização dos computadores, videogames, as redes sociais e muitas outras coisas que vieram nesta onda. Mas preciso dizer que muita gente que nasceu nesta era, onde muitas dessas novidades já existiam, não sabe dar valor ao que elas têm.

Eu vou deixar claro o motivo de muitos da minha geração falarem isso para os mais novos e serem vistos como saudosistas e não serem entendidos. A verdade, bem no centro de toda essa questão, é que falta gratidão. E não estou dizendo que minha geração seja um exemplo incontestável de gratidão, pois muitas vezes e na verdade, na maioria delas, vamos ver pessoas reclamarem.

Mas é uma coisa simples de se entender como não somos gratos por coisas simples, e daí vou passar a exemplificar os motivos deste assunto aparecer em um texto no Nós Nerds.

Eu vi um corte da Márcia Sensitiva perguntando se duas “casters” trocariam não acordar no dia seguinte por 10 milhões de reais, as duas rapidamente negaram receber o valor para continuarem vivas. Neste ponto, a Márcia explica: “Vocês recebem todo dia, um dia a mais para viver. Algo que vocês não trocam por 10 milhões, agradeçam essa riqueza e usem bem.”

A ciência comprova que é um milagre estatístico uma pessoa morrer sem câncer, pois como é de conhecimento geral, câncer é uma célula do seu corpo que nasceu com “problema” e continuou se multiplicando. Nós temos, por estimativa, 430 bilhões de células novas, nascendo todos os dias, e até agora muitas pessoas não tiveram nenhuma imperfeita que continuou a se multiplicar, Graças a Deus!

Você acorda, levanta, anda, come, se veste e faz muitas coisas que muitas pessoas não fazem. Eu convivendo, muito pouco, com várias pessoas com deficiência na AbleGamers Brasil, vejo a alegria que elas têm em viver e se divertir com games e em estar com amigos se divertindo. E muita gente com tudo tão “perfeito” na vida, reclamando de bobagens.

Eu brincava com cabo de vassoura, era minha espada, meu rifle, às vezes até cavalo pelo quintal da minha casa. Eu dava vida às ilustrações das enciclopédias, criando histórias na minha cabeça, sobre cerco de castelos, viagens espaciais e safaris com grandes feras. Depois eu cresci mais um pouco e vieram alguns brinquedos que me deram mais “realidade” nas histórias, eu tinha os personagens reais. Comecei com Falcons e, por uma questão social, tive vários, também tive Playmobil e com eles brincadeiras que duraram dias, as histórias eram como novelas ou uma série, que continuava no dia seguinte ou começava com outro enredo.

Eu tive privilégios, mas vi crianças brincarem com tampas de refrigerante, aquelas antigas, de metal, como carinhos em uma pista desenhada na terra. Brinquei de pique e muitas outras brincadeiras de infância.

Porém, sempre vi filmes, séries e novelas (a TV era uma por casa e se via o que os pais estavam vendo), com isso imaginava histórias de meus heróis de quadrinhos na TV e na tela grande do cinema. É bom lembrar que séries eram vistas uma vez por semana, e nem sempre chegavam no final, e eram no máximo em seis canais de TV aberta.

Filmes ficavam semanas em cartaz, se produzia muito menos, ou chegavam menos ao público do Brasil.

Quando chegaram os video games foi uma revolução! As duas barras se movendo no canto da tela e uma disputa acirrada de Pong era uma tecnologia jamais vista até então. Depois veio Atari, Super Nes, PCs de oito bits, Mega Drive e outras novidades. E cada vez que uma evolução chegava era uma diversão a mais saber como tinha sido conseguido aquela mudança.

Cada jogo novo era uma festa, franquias começaram a nascer e seus fãs também, e demorava muito para ver cada parte de uma franquia de jogos chegar. E sempre era uma alegria a cada novidade.

E com o tempo essa produção aumentou, os games começaram a ser lançados diariamente (todo dia tem jogo novo!) as séries são produzidas por uma dezena ou mais de canais, filmes chegam a mais de uma centena de lançamento por ano (cinema e stream) e aconteceu o fenômeno da ingratidão por respirar.

Tá bom, não existe este fenômeno, mas foi uma maneira rápida de chamar a atenção. As pessoas pararam de agradecer por poder ver um filme sobre avião, guerra, mistério, terror e etc. e passaram a procurar problemas, não por serem críticos (estes fazem por profissão), mas pelo simples prazer de dar uma opinião negativa, seja para dar voz ao seu gosto pessoal ou só para seguir uma opinião de “influencers descolados” que, na minha opinião, não ganharam um mimo ou outro de alguma empresa.

As pessoas se satisfazem em enaltecer problemas, quando elas mesmas nem sabem mais fazer uma multiplicação com uma caneta e um papel. “Este gráfico não está bom, seria melhor se fosse como gráfico de jogo tal!” Essa pessoa, na maioria das vezes, nem sabe desenhar uma pessoa de palitinho. O filme tal não me agradou por causa dos efeitos especiais, que não estavam na qualidade de uma produção de fulano de tal. Ela nem paga ingresso no cinema, mensalidade de stream, ou seja, nem colabora com o orçamento das produções. A série tal não foi do meu agrado, pois eu preferiria que ela tivesse o final assim ou assado. Você nem sabe escrever duas linhas de roteiro, nem conhece toda a história dos personagens.

As pessoas estão indo na direção que chegarão de frente à Mona Lisa e falarão: – Eu prefiro cabelos ruivos, ficaria melhor. – Esse Davi está muito definido, ele deveria ser mais real, sem tanta musculatura definida!

Ah, mas aí você está falando de arte! Sério, a sétima e a nona arte podem ser criticadas pelo seu gosto pessoal, mas uma pintura e uma escultura você não critica porque é arte? Ou você acha que só pelo motivo de você comprar essa arte, você pode julgar como bem entender? Imagina você milionário comprando um Van Gogh e criticando os girassóis por não serem tão detalhados como você gostaria.

Sejam gratos por viverem em uma época que tem muito sendo feito para todos os gostos, muito sendo feito por pessoas que, como você, trabalham diariamente para produzir um bem ou serviço. E você não suporta uma bronca de chefe e vai para casa e reclama dos trabalhos dos outros, só por se achar importante o suficiente por ter uma conexão com a internet.

Sejam gratos, mas sejam sinceros ao agradecer sempre por ter algo novo para se divertir. Sim, é para sua diversão! O filme, a série, o jogo e tudo que é produzido por esses artistas é para te dar momentos de alegria, muitas vezes contemplação e algumas até de reflexão. Mas parem de reclamar da cor da camisa do cara da segunda cena, do número de soldados na batalha daquela guerra e tantos detalhes que não mudam a sua diversão.

Aceite o que lhe é dado por alguém que se esforçou para lhe trazer o que você está consumindo. Mesmo sendo tecnicamente ruim, de qualidade duvidosa ou com qualquer outro problema, lembre-se: existe uma pessoa que se esforçou para fazer isso e as dificuldades dela, muitas vezes, você nem sabe quais foram. Lembre-se do dia que tudo deu errado no seu caminho para o trabalho e seu chefe só falou: “Está atrasado! Mais um pouco e nem precisava vir hoje…” Dói né? Imagina alguém postar na rede social sobre o seu trabalho: “LIXO!”

São bilhões de células, todo o dia, se multiplicando de forma perfeita. São milhões de pessoas trabalhando para fazer algo de bom para os outros. Agradeça! E se a questão é eu não pago para o meu corpo se multiplicar, deixe de comer por 15 dias, fique só na água e chupando uvas congeladas, que você vai me entender melhor.

Que maravilha viver nos dias de hoje, com todos os problemas do mundo, eu acordei mais um dia para agradecer por viver!

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Sgt Rock 1967

Eduardo "Sgt Rock 1967" Rocha é o idealizador do Nós Nerds! Técnico em informática e gamer inveterado e veterano.

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