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Orgulho Nerd: Há Controvérsias! (ainda)

Chegamos a mais um Dia do Orgulho Nerd. As pessoas costumam dizer que isto é um motivo para comemorar alguma coisa. E talvez isso seja, em parte, verdade. Mas acho que há uma parcela muito pequena de motivos.

Devo avisar que já passei dos 30 anos e acho que por isso a minha visão… digamos que ela não deixou de ser otimista, mas ela engloba o todo. E o cenário completo não é muito bonito.

Sim, amigos, é fato que os assuntos nerds hoje estão muito bem expostos na mídia nacional e não jogados de escanteio. Também é fato que existe um fenômeno atrás do outro unindo os fãs, e fazendo com que surjam várias oportunidades de confraternizarmos.

E acaba por aí.

Eu diria que temos dois motivos bem fortes para não sorrirmos neste cenário atual. O primeiro é que nunca foi tão difícil ser fã de alguma coisa nesse país como é hoje. Quando o assunto é Cultura Pop, então a coisa complica.

Você já parou para pensar no quanto você gasta para ir ao cinema assistir o mais novo filme de heróis? O quanto gastou para comprar aquele jogo, aquela camisa temática ou aquela Action Figure exclusiva? Nesse último caso específico, você encontrou a peça que você queria aqui no Brasil por um bom preço, sem ter de recorrer a importação e as altas taxas subsequentes?

Ser fã dessa natureza vem custando muito aos nossos bolsos. E é triste pensar que mesmo quando o dólar teve as suas raras quedas, pouquíssimas vezes isso se refletiu no barateamento de produtos e serviços destinados a esta comunidade crescente. Ser nerd vai se tornando um patamar mais e mais elitizado. Um clube em que a aceitação vai se tornando rara e, infelizmente, não apenas por motivos financeiros o que me leva ao próximo grande problema.

Fico extremamente triste com a postura da maioria dos fãs veteranos. Para muitos deles, o chamado nerdismo se tornou um artigo em que quanto mais experiência você tem, mas você tem importância para desabonar aqueles que estão entrando neste mundo agora. Extremamente enraizados em seus preconceitos e visões limitadas, eles parecem não apenas rejeitar aqueles que agora vão descobrir o universo Nerd, como também não conseguem aceitar nada de novo que é proposto ao universo que eles conhecem.

Já perdi a conta (e por tabela a paciência) das vezes que escutei /li pessoas reclamando, por exemplo, de como destruíram sua infância ao mudarem isso ou aquilo nos personagens em filmes e séries. São mentes assustadoramente fechadas que vêem qualquer tentativa de inovar ou revisitar um conceito como uma blasfêmia. Triste.

Compreendo que o livre arbítrio e a opinião pessoal são direitos inalienáveis. Mas como explicar esta predisposição a permanecer em uma zona de conforto que implica a se ter apenas aquilo que lhe convém?

Isso porque ainda não comentei as constantes demonstrações de preconceito, sobretudo com o público feminino que consome essa cultura. Não se trata nesse caso apenas de falta de respeito, mas também demonstrações de agressão virtual. Uma postura que, infelizmente, muitos novatos vem demonstrando como herança de gerações passadas.

Perceber que muitas dessas pessoas parecem em nada absorver os valores de honra, respeito e dignidade que super-heróis, por exemplo, transmitem em seus atos, é uma visão desoladora. Por quê admirar e prestigiar esses personagens, então? Se a intenção era inspirar algo de bom nas pessoas, a validade de alguns personagens expirou já faz muito tempo.

Mas sejamos justos, se eu começar a culpar este universo pelas mazelas comportamentais da nossa sociedade, eu nada seria diferente de um Frederick Wertham da vida.

O que devemos fazer agora é uma auto-crítica sucinta. Precisamos de mais alguma coisa além de simplesmente ficar maravilhados com a mais nova aventura dos Vingadores, com as piadas do Deadpool ou com as voltas dos Jedi.

Precisamos mostrar ao mais novos porque esses personagens são tão importantes. E colocar em prática o que aprendemos com eles de bom.

Quando uma experiência como a que estou propondo começar a dar frutos genuínos, aí realmente teremos algo para comemorar. Até lá, façamos nossa parte, lutando também para que o mercado consumidor seja mais acessível para todos. Tanto no financeiro como na parte social.

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Mentorbreak

Sérgio "Mentorbreak" Fiore é revisor do Nós Nerds, porém não deixou sua paixão por blog e não conseguiu ficar longe das postagens.

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